quinta-feira, novembro 30, 2006

Renovações e Dívida

Depois de Lucho e Pepe... Vieirinha e Fucile também alargaram o seu vínculo contratual ao F.C.Porto, sendo que no caso do jogador Uruguaio isso implicou a compra do passe ao Liverpool de Montevideu por 600 mil Euros.
Vierinha é uma das grandes promessas do FêCêPê para o futuro e esta renovação vem tranquilizar os adeptos que já pensavam que o clube não contaria com o atleta. Fucile é um jovem defesa com uma larga margem de progressão: É rápido, tem técnica, sobe bem e cruza ainda melhor... tem apenas que melhorar a sua prestação defensiva, essencialmente o seu posicionamento e rigor táctico.
Quer dizer que o F.C.Porto procura investir na sua equipa de futebol actual, tentando garantir o futuro com os jogadores que dispõe, mas isso só poderá ser compreendido pelos adeptos aliando a performance desportiva vencedora a uma política financeira firme e estruturada. Os dados financeiros do 1º trimestre deste ano que o Ricardo N nos trouxe nos comentários ao Post anterior são naturalmente preocupantes, mas com as vendas de jogadores como Quaresma, Lucho, Pepe e Anderson, que como todos admitimos não irão continuar no F.C.Porto por muitos anos, as contas tenderão a ser equilibradas. A pergunta que todos fazemos... O que fez a SAD com os aproximadamente 75 Milhões de Euros que resultaram das vendas de Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Deco, Maniche e Costinha? Não sei... quer dizer... sei... mas não compreendo como podemos ter um passivo tão grande depois desses negócios.

12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Quanto à questão das renovações julgo que estamos no caminho certo. Fucile e Vieirinha poderão vir a ser 2 grandes valores do nosso plantel. O caso de Fucile é muito relevante na medida em que se trata de um jogador jovem, de selecção e que joga numa posição onde não abundam jogadores de qualidade (vejam o interesse que jogadores como o Miguel suscitam em grandes cluebes).
Quanto ás contas, podemos sempre pensar que elas se equilibram com as (potenciais) vendas de jogadores. A questão que se deve pôr é se o clube se deve assumir ETERNAMENTE como vendedor ou como comprador. Se se assumir como vendedor, será muito dificil mantermos pretações consistentemente boas na Europa (que de resto é onde está a "Massa"). Tal como o problema do défice, a questão está nos encargos fixos correntes da gestão do clube. Quantos jogadores estão contratualmente ligados ao FCP? Qual a estrutura organizativa da direcção do Clube e que encargos representam eles? Qual o peso do serviço da divida do clube (ainda agora vamos ter de servir mais de 10 milhões em obrigações)?
É fácil dizer que os encargos correntes deviam ser cobertos pelas receitas regulares do clube (bilheteira, patrocinadores, etc). Executar é que é dificil, especialmente quando temos uns milhões de portistas habituados a ganhar.

30/11/06 2:38 da tarde  
Blogger Aníbal Letra said...

Ricardo:

É literalmente impossível um clube como o F.C.Porto, com uma abrangência de massa adepta que não ultrapassa o milhão de pessoas, conseguir competir ao mais alto nível europeu sem vender os seus melhores jogadores. Se analisarmos as contas do clube verificamos que as quotizações, a publicidade, o merchandising e os direitos televisos não conseguem se aproximar do volume das despesas.
Por tudo isto, o F.C.Porto, se quiser ser um clube competitivo internacionalmente durante longos anos, tem que se assumir como um clube vendedor, uma montra para os futebolistas que querem dar o salto para os maiores clubes da Europa. Podemos adiar as vendas, mas não conseguimos fugir delas.
A grande questão é como potenciar jogadores? Formá-los é a primeira coisa que me vem à cabeça. É mais barato mas menos abrangente. A segunda forma é formar um departamento de prospecção que consiga detectar talentos em fase embrionária e comprá-los para os trabalhar e vender.
Claro que para vender as suas joias a um preço elevado, é necessário que a equipa de futebol tenha um elevado rendimento desportivo.
Por isso... temos uma pescadinha de rabo na boca. Ter uma grande equipa para vender. Vender e ter que formar uma nova equipa para voltar a vender.
Não conseguiremos fugir a isto...

30/11/06 3:10 da tarde  
Blogger Pedro Reis said...

O Ricardo tocou em muitos pontos relevantes. Um dia quando tiver tempo, faço uma análise aprofundada às contas do FCP desde 2004 (que é o mais relevante) e apresento-vos as conclusões.

Uma coisa parece-me óbvia: dado por um lado a dimensão do nosso clube e por outro a dimensão e o poder de compra do nosso país, dificilmente o FCP poderá ser um clube financeiramente estável e desportivamente competitivo a nível internacional (ao nível se não dos 8, pelo menos dos 16 maiores da Europa) se não for extremamente bem gerido. Vejo 4 rubricas principais:

1. Receitas correntes (quotas, bilheteiras, merchandising, etc.)
2. Receitas extraodinárias (vendas de jogadores)
3. Custos correntes (salários de toda a estrutura - dirigentes, jogadores e funcionários; e outros custos de exploração)
4. Custos de aquisição de jogadores.

Numa 1ªleitura intuitiva diria que estamos bem no 1. e no 2. mais ou menos no 4. e pior no 3.

Menos bem no 4. pagamos demasiado pelo passe de alguns jogadores de qualidade duvidosa e pior no 3. porque temos demasiados jogadores sob contrato, muitos deles a ganhar muito e a pouco ou nada produzir.

30/11/06 3:12 da tarde  
Blogger Pedro Reis said...

Aníbal,

Escrevemos quase em simultâneo, pelo que a publicação do meu comentário antecedeu a leitura do teu. De qualquer forma tens razão em tudo o que escreves.

30/11/06 3:14 da tarde  
Blogger Pedro Reis said...

Não comentei as renovações, mas concordo com ambas em pleno.

O Fucile para a idade, para quem vem de um clube e de um campeonato tão diferente e muito menos competitivo, e para quem entrou na equipa em jogos decisivos da forma que ele entrou, tem todas as condições para se tornar um excelente jogador. Ao que acresce obviamente a sua qualidade técnica.

Quanto ao Vieirinha do que mostrou nas oportunidades que teve gostei, agora só espero que tenha possibilidade de jogar com muito mais regularidade.

Em ambos os casos saliento também que ocupam das posições onde é mais difícil encontrar bons jogadores.

30/11/06 3:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Aníbal só um milhão de adeptos?!?!? Daqui a pouco dizes que os outros são realmente 6 milhões!!!

De qq maneira o FCPorto tem de ser um clube vendedor, infelizmente é a realidade, assim como os outros 3 grandes. Não há volta a dar-lhe. As receitas de televisão ditam tudo isso qd as comparamos com os outros clubes de grandes países europeus.

As renovações são para mim apenas uma salvaguarda do futuro, tipo uma apólice de seguro para o FCPorto, assim quem realmente estiver interessado não vai levar os jogadores por valores irrisórios. Tenho a certeza que as renovações tiveram um aumento substancial da clausula de rescisão. O FCPorto fez muito bem já que os jogadores estão e serão ainda mais valorizados. É por este prisma que vejo as renovações.

O Fucile depois de mostrar qualidade e pelo valor irrisório do seu passe (se comparados a outros por ex. o Tarik) tinha de ser comprado.

Um abraço.
http://portistasdebancada.blogspot.com/

30/11/06 3:37 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Relativamente às renovações... nada a dizer, senão que eu não esperava outra coisa dos jogadores em questão. Ficaria era muito preocupado se essa renovação contemplasse outros 'cromos', ai sim, ficaria muito preocupado... como não é o caso, estamos conversados.
Quanto às contas, é como já disse noutros comentários, eu sei bem, aliás, a maioria de nós sabem bem qual a resposta à tua dúvida:
"A pergunta que todos fazemos... O que fez a SAD com os aproximadamente 75 Milhões de Euros que resultaram das vendas de Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Deco, Maniche e Costinha?"
Lá voltariamos a falar nos tais 'comissionistas' que parece que não gostas muito... mas é o que sinto, tudo isto tem um culpado e esses chamam-se 'comissionistas'!!
Mas é a minha opinião... só a minha opinião!
aKeLe aBrAçO
http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

30/11/06 3:46 da tarde  
Blogger Aníbal Letra said...

É Pedro... estamos bem nas receitas correntes, mas essas receitas são manifestamente curtas para manter uma equipa competitiva.
Por isso, precisamos das tais receitas extraordinárias como pão para a boca, para conseguirmos equilibrar as contas.

Em relação ao item 3, que lhe chamaste custos correntes, é verdade que o temos a um nível elevado. Somos o clube com maior orçamento da Superliga. Mas se não tivessemos por exemplo, Baía, Lucho, Quaresma e Anderson (que devem ser os mais bem pagos) na equipa o custo com pessoal seria bastante reduzido. Em relação aos jogadores emprestados, penso que estamos a caminhar no sentido correcto... já existem muito menos jogadores emprestados e os que o estão, é porque têm valor e está-se a investir na sua evolução.

O elevado preço pago pelas transferência de jogadores com valor duvidoso. É verdade que se gastaram fortunas em jogadores que não confirmaram capacidades mas também penso que essa situação também está a ser invertida. Lucho e Anderson foram caros... mas se os quisessemos vender já ganharíamos muito mais. Iremos sempre correr riscos na contratação de jogadores... por isso a aposta da SAD em optar pelo empréstimo de jogadores como Fucile para depois se ele confirmar as capacidades... comprar o se passe, é uma excelente medida.

Acho que devagar, devagarinho... chegaremos lá!

30/11/06 3:48 da tarde  
Blogger Aníbal Letra said...

Zirtaev: Deve andar à volta de 1 milhão. Mas não tenho por hábito fazer estatísticas... não tenho a certeza. :D

Caro Blue Boy: Não é que não goste de falar nos comissionistas, tens razão que nessa altura deve ter andado muita gente a governar-se bem... mas o que eu penso é que pela postura actual da SAD essa situação não está a repetir-se. E ainda bem!

30/11/06 3:55 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Jorge... como tens razão...como tens razão.
É uma vergonha, seja lá de quem for a culpa, ninguém no FC Porto ter tido a inteligência de 'rentabilizar' em marketing e merchandising todas as grandes conquistas das últimas 2 décadas... ninguém!!
Falo isto como mágoa, muita mágoa porque se há coisa que sou viciado, é em comprar recordações para mais tarde recordar das grandes conquistas... e ainda hoje, procuro material alusivo 'by FCP' à conquista do 2º troféu em Tóquio... nada, a não ser um ou dois míseros cachecóis que fizeram e que os comprei, de resto... nada mais!
Mas isto cabe na cabeça de alguém?
aKeLe aBrAçO
http://bibo-porto-carago.blogspot.com/

30/11/06 4:58 da tarde  
Blogger Aníbal Letra said...

Não posso deixar de vos dar razão em relação ao merchandising. Já em relação à conquista de novos mercados... penso que seria muito complicado. Fora dos Palops e dos países onde existem emigrantes portugueses o poder de penetração da marca F.C.Porto é muito reduzida, mesmo depois da conquista da Liga dos Campeões. Pego no exemplo do Jorge: A marca Bayern de Munique em Portugal tem poder de penetração? Há poucos clubes com poder de penetração em qualquer mercado a nível mundial: Real, Barça, Manchester, Juve e Milan são os cinco maiores.

Mas concordo que pouco foi feito para tentar inverter isso e que nos dois anos dourados o Porto perdeu uma grande oportunidade de se impôr com o apoio do publicidade. Mesmo aqui em Portugal, onde se evitava à força toda catalogar o Porto como Campeão do Mundo, deveria ter havido um maior esforço para que esse título "Campeão do Mundo" fosse ouvido mais vezes através da publicidade. O F.C.Porto é uma marca que vive dos adeptos... e normalmente os adeptos mais novos ainda em fase de procura de empatia clubística teriam uma forte razão para aderir ao clube.

Fica para a próxima vez que vencermos a Liga dos Campeões! :D

30/11/06 5:10 da tarde  
Blogger Aníbal Letra said...

Mikinho:
Por isso eu não falei de lucro/prejuízo mas falei em Passivo.

O Kostadinov é que podia ceder-nos um tempinho e explicar com todas as letras esta coisa da situação financeira do Porto. Mas acho que ele não estará para aí virado.

4/12/06 2:38 da tarde  

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