quinta-feira, janeiro 05, 2006

Pedroto – Um portista não pode esquecer

Image hosted by Photobucket.comFoi há 21 anos que José Maria Pedroto morreu, contava então 56 anos. O Saudoso “Zé do Boné” não foi apenas o treinador que devolveu a alegria desportiva às gentes do Porto ao conquistar o campeonato depois de um jejum de 19 anos... ele foi o impulsionador de uma nova mentalidade desportiva e sociológica que ajudou a libertar o Norte de certos estigmas, enraízados no coração do povo por causa da ditaduta de Salazar e Marcelo Caetano.

Nasceu em Lamego em 1928, no seio de uma família de 11 irmãos. Foi jogador do Leixões, V.R.S.A., Belenenses e F.C.Porto, transferindo-se do clube da Cruz de Cristo para a Invicta por uma verba record à altura. Sagrou-se Campeão Nacional em 56/57 e 58/59, quebrando um registo de 19 anos sem triunfos. Foi um dos melhores jogadores da década de 50, tendo sido 14 vezes internacional pela selecção portuguesa.

Como treinador, começou por trabalhar com as camadas jovens, tendo depois passado pela Académica, Varzim, Leixões, Setúbal, Guimarães, Boavista e claro... F.C.Porto. Ganhou por duas vezes a Taça de Portugal pelo Boavista, em Setúbal fez um grande brilharete nas competições europeias e tirou dois segundos lugares no campeonato ao leme de cada uma destas equipas.
Quando em 1976, Pinto da Costa foi promovido a chefe do departamento de futebol, a sua primeira medida foi fazer regressar Pedroto, que já tinha tido uma passagem pelos comandos da equipa em 67/68 conseguindo então ganhar uma taça de Portugal, saindo em 1969 em litígio com o presidente Afonso Pinto de Magalhães. Logo no ano de regresso, consegue voltar a erguer a Taça e entra na época 77/78 com uma frase parecida com esta:
Estamos aqui para ganhar o título! Podem chamar-nos de lunáticos, obcecados ou fanáticos... isso não nos importa!

Image hosted by Photobucket.comEra um treinador estudioso, metódico e com métodos revolucionários... muito à frente do seu tempo, falava constantemente da necessidade de colagem aos métodos que se praticavam por essa europa fora. Mais do que um visionário, foi o homem que lutou pelo profissionalismo em todo o futebol português e fez com que áreas como a preparação física e psicológica fossem tidas como preponderantes, bem como o uso de elementos estatísticos. O seu discurso foi sempre de enorme confiança e de bastante dureza para com os rivais lisboetas, que o apelidavam de lunático e arrogante! A verdade é que para gáudio de 80 mil portistas nas Antas, muitos milhares do lado de fora do estádio e muitos mais milhares por toda a cidade, o F.C.Porto bateu o S.C.Braga no último jogo do campeonato de 77/78 sagrando-se Campeão Nacional 19 anos depois. Voltou a ganhar o título na época seguinte e só perdeu o tri-campeonato por manisfesta falta de sorte. Saiu do clube em 1980 em litígio com o presidente Américo de Sá por este ter estado, alegadamente, a confraternizar no balneário do Benfica depois de uma final perdida no Jamor. Apenas regressou quando Pinto da Costa foi eleito presidente do F.C.Porto. Então, iniciou a construção da equipa que iria conquistar o mundo. Em 1983/84 levou os Dragões à final da Taça das Taças frente à Juventus, mas já não pôde estar em Basileia por se encontrar já bastante doente. Durante alguns períodos desse ano, orientou a equipa desde casa, reunindo-se diariamente com António Morais o seu adjunto que o substiuía nos treinos e nos jogos.

A José Maria Pedroto os portistas devem muito do ego desportivo... devem muitas das glórias de que se orgulham. Antes de Pedroto... éramos conhecidos por Andrades e tínhamos pavor de atravessar uma singela ponte! Depois dele, transformamo-nos em míticos Dragões e conquistamos o mundo por duas vezes!

Obrigado Zé!

Frases Célebres:

"As gentes do Porto são ordeiras porque, se não fossem, há muitos anos teriam recorrido à violência perante os enganos dos árbitros que têm decidido da perda de muitos campeonatos e Taças de Portugal."

"No FC Porto não há contestatários maricas, nem os problemas se levantam, porque nunca chegam a existir".

"Jorge Nuno Pinto da Costa, para além de ser um cidadão respeitável, afirmou-se como um competentíssimo dirigente. A ele se deve, em grande parte, a projecção que o FC Porto atingiu, a nível nacional e europeu. O tempo há-de fazer-lhe justiça."

"O verdadeiro calcanhar de Aquiles do nosso futebol reside no simples facto de quase todos pensarmos que, quando saímos dos estádios, já não somos profissionais de futebol".

"Não tenho dúvidas de qualquer espécie de que ao Artur Jorge não faltará onde trabalhar e que, em qualquer parte, triunfará. Mas também acredito que vai ser no FC Porto que ele acabará por ser revelar como um homem predestinado para a direcção e comando de equipas de futebol".

"Numa equipa de futebol, um brasileiro é muito bom, dois começa a ser perigoso, três é uma escola de samba".

Diálogo que se conta, Pedroto terá tido com um atleta que gostava de jogar “à Salgueiral”:
Pedroto - Filho! Esta bola é feita de quê?
Atleta - De couro, mister!
Pedroto - E o couro donde vem?
Atleta - Da vaca, mister!
Pedroto - E a vaca come o quê?
Atleta – Relva, mister!
Pedroto – Carago! Então joga a bola pela relva que ela gosta!

3 Comments:

Blogger Pedro Reis said...

Um Grande Obrgado ao Zé do Boné que lançou as raízes para o grande clube que o FCP é hoje!

5/1/06 4:49 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caros Blogueiros confesso que a caminho dos meus 40 anos fico sinceramente emocionado com estes pedaços da história do FCP que nos têm recordado - avivam muito a memória de um Dragão. Por outro lado não posso deixar de ficar preocupado: se a história do clube (não da SAD) nos serve de inspiração, a verdade é que gosto de acreditar que o melhor está sempre para vir, doutra forma ficamos estilo lampiões e lagartos a contar taças doutros campeonatos (é o que têm tido para fazer...). Para quando um post do futuro? Dos jogadores da cantera? Dos novos dirigentes? Dons novos treinadores? Quando é a próxima vitória?
Não se enganem, o post é muito bom, mas rio-me de cada vez que a lagartagem fala dos 4 violinos, ou que o clube da D. Pombinha fala do Eusébio e do Coluna....

5/1/06 5:24 da tarde  
Blogger Aníbal Letra said...

Caro Acosta:
Este não é um Post, pelo menos não pretendi que o fosse, que nos fizesse reviver as gloriosas vitórias do passado. Apenas quis relembrar um homem a quem muito temos que agradecer.

Porque se, concordo consigo, o futuro é o mais importante... esquecer o passado é um erro, pois ele dá-nos experiência e sabedoria para enfrentar o futuro.

Este não é um blog virado para o passado, mas também não é um blog do futuro... é um Blog do presente. Por momentos podemos ir ao passado, como também, estou certo, iremos ao futuro espreitar as estrelas promissoras que andam pelos nossos escalões de formação.

Um abraço e obrigado pela visita.

5/1/06 6:14 da tarde  

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