Porque será?

Ao longo da história, exemplos não faltam de verdadeiros heróis desfigurados pelo povo em algozes, à custa de um ou outro erro que os esmaga para todo o sempre. A gratidão é um sentimento que um povo, como um todo, dificilmente cultiva mas mais impressionante é a velocidade e consistência com que um povo transforma em verdades absolutas pensamentos e reflexões de casa de banho. A idiossincrasia de um grande número de pessoas unidas por interesses comuns é de facto apaixonante… mas infelizmente é também revoltante.

Pinto da Costa é presidente do F.C.Porto há cerca de 25 anos. Conquistou um infindável número de campeonatos e Taças de Portugal, às quais juntou dois títulos de Campeão da Europa e de Campeão do Mundo, para além da Taça UEFA e Supertaça Europeia. Deu dimensão ao clube, aumentou a capacidade do Estádio das Antas, construiu o Dragão, pôs um centro de estágio à disposição do clube, defendeu-o de todos os ataques que sofreu e continua a sofrer e manteve um ecletismo a nível de modalidades amadoras ímpar. Lançou as bases do F.C.Porto do século XXI. Ele foi o melhor presidente que este clube já teve e muito provavelmente alguma vez terá. Claro que para os teóricos de casa de banho, gerir um clube é do mais básico que há… basta contratar bons jogadores e ganhar títulos. A complexidade da obra de Pinto da Costa é ignorada, esquecida e violentada… propositadamente ou não, não quero saber. Colocar um clube de província, como o melhor clube de futebol em Portugal, num país tão massacrado pelo centralismo, é um feito inolvidável e que merece de todos os portistas que vibraram com as vitórias históricas do Porto, uma gratidão intemporal. Apontar-lhe e coleccionar-lhe os erros é um exercício que quem nunca fez nada na vida e se escondeu de todos os desafios, pode se dedicar com estoicismo… mas, para um portista, ignorar a obra deste homem, é muito triste.
“Ah… mas agora está velho, cansado e demente!” Demente está quem acredita nestas “estórias” fabricadas pelos que estão ansiosos por vê-lo fora da cadeira.
“Ah… a SAD é uma corja de comissionistas, mafiosos e chupistas!” Esta é corriqueira e talvez a acusação mais repetida por essa blogosfera. É uma espécie de facto inquestionável… a SAD é o bicho papão… a hidra de tudo o que de mal acontece ao FêCêPê. Fantástico! Ao falarmos sobre o F.C.Porto faz-se necessário ter alguma elevação, mas sem informação, ou com escassa, há quem consiga ditar sentenças e definir rumos estratégicos e financeiros… há quem consiga afirmar que o melhor para o clube é que venha o Quim, o João ou o António, sem lhe conhecer as ideias, os objectivos ou sequer as intenções de candidatura. Dizem que o melhor é mudar… também concordo! Ganhar cansa… e o melhor será mudar! Há gente que precisa de aprender por experiência própria o que é voltar a ser o clube de província que Lisboa calcava e ludibriava a seu bel-prazer. Precisa de aprender o que era ter um presidente que depois de sermos roubados “ipsis verbis” numa final da Taça, ia confraternizar com o adversário. Mas vocês aprendem!
Muitos defeitos colecciona Pinto da Costa… muitas coisas fez e faz de errado… o que é estranho é tanta gente não portista o querer ver fora do poleiro. A pergunta continua a ecoar na minha cabeça sem resposta aparente: Porque será?

Tenho consciência da minha heresia… reconheço o mal que fiz e a forma despropositada como defendi alguém que não tem defesa possível! Sem dúvida que só a fogueira é digna desta atitude. Sejam rápidos!